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2025/07/22

Claudio Zaidan acerta em cheio ao lembrar Salvador Allende: uma lição de história que não pode ser apagada

Por Rodolfo Varela

Em tempos de manipulações históricas e discursos vazios sobre democracia e liberdade, é raro encontrar vozes que se mantêm lúcidas, críticas e profundamente respeitosas com a verdade. Uma dessas vozes é a do jornalista e comentarista Claudio Scaff Zaidan, profissional consagrado do Grupo Bandeirantes de Comunicação, múltiplo vencedor do Troféu ACEESP entre 2014 e 2023. Com seu estilo direto, ético e inteligente, Zaidan tem se destacado não apenas no jornalismo esportivo, mas também nos comentários políticos que oferece nas tardes da Rádio Bandeirantes.


Polémica cumbre de izquierda en Chile

Ontem, Zaidan fez um comentário corajoso e preciso sobre o presidente Salvador Allende, o legítimo chefe de Estado do Chile que foi brutalmente derrubado e assassinado no golpe militar de 11 de setembro de 1973. Poucos jornalistas se atrevem a dizer com todas as letras o que os documentos e testemunhos já confirmaram: Allende não se suicidou. Foi assassinado pela ditadura sangrenta e nefasta de Augusto Pinochet.

Eu posso afirmar isso com a autoridade de quem viveu aquele dia terrível. Trabalhava, naquela manhã de 11 de setembro, na histórica Rádio Corporación CB 114, onde transmitimos ao vivo o primeiro pronunciamento do presidente Allende diante do levante militar. Na época, eu era diretor da rede de emissoras do norte do Chile. Vi, ouvi e senti a tragédia que se abatia sobre meu país. Ninguém pode me contar essa história — eu sou parte dela.

Quero deixar claro que não conheço Claudio Zaidan pessoalmente, mas o escuto diariamente e o admiro profundamente pela sua firmeza e honestidade intelectual. Parabenizo esse grande jornalista não só pela lembrança honesta de Salvador Allende, mas pela clareza ao afirmar que nem o Brasil, nem o Chile podem se transformar em uma nova Venezuela. São países com enorme potencial, riquezas naturais abundantes e um povo trabalhador. O que falta — e sempre faltou — é vontade política e diplomática para romper com a dependência histórica dos interesses norte-americanos e construir uma integração regional autêntica e soberana.

É verdade que os Estados Unidos precisam da América Latina tanto quanto a América Latina precisa dos Estados Unidos. Mas o que não se pode aceitar são essas reuniões populistas promovidas por certos governos latino-americanos — como vimos recentemente no Chile — falando em “democracia” e “liberdade de expressão” enquanto escondem suas enormes dívidas históricas com seus próprios povos.

O Chile é um caso emblemático. A democracia chilena ainda está em débito com:

  • os presos políticos que passaram anos encarcerados e esquecidos;

  • os exonerados políticos, que perderam seus trabalhos e meios de subsistência;

  • os torturados e desaparecidos, cuja memória insiste em resistir ao silêncio;

  • e as crianças sequestradas, vendidas a famílias estrangeiras com a cumplicidade de setores políticos, judiciais e religiosos.

Como podem estes mesmos setores hoje discursar sobre liberdade e direitos humanos, quando ainda não foram capazes de reparar as vítimas da ditadura?


Claudio Zaidan na bancada da Rádio Bandeirantes


A fala de Claudio Zaidan, ao resgatar a verdade sobre Salvador Allende, nos lembra que a história não pode ser enterrada sob conveniências ideológicas. E nos alerta que a democracia se constrói com memória, justiça e coragem. Coisas que ele, como jornalista íntegro, demonstra ter de sobra.

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