Por Rodolfo Varela
Em tempos em que o futebol é pautado mais por narrativas midiáticas do que por análises técnicas, torna-se urgente resgatar o respeito pela história, competência e conquistas dos treinadores brasileiros e sul-americanos.
O Brasil é o único país pentacampeão mundial de futebol — e nenhum desses títulos foi conquistado com técnicos estrangeiros. Foram nomes como Vicente Feola, Mário Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari que conduziram a Seleção ao topo do mundo. Mesmo assim, parte dos jornalistas e comentaristas insiste em alimentar um complexo de inferioridade, como se apenas o que vem de fora tivesse valor.
Renato Gaúcho ( Fluminense)
Nesse cenário, vale destacar também o papel da mídia esportiva. É importante fazer justiça: o jornalista Elia Júnior, com sua longa trajetória e credibilidade na Rede Bandeirantes, muitas vezes assume uma postura de treinador ao opinar — algo discutível —, mas sempre com respeito. Já o ex-jogador que se autodenomina Craque Neto, atualmente apresentador do programa Os Donos da Bola, frequentemente ultrapassa todos os limites do bom senso e da ética. Seus comentários ofensivos a jogadores, técnicos e até telespectadores são lamentáveis, e apenas continuam no ar por conta de uma conivência preocupante da própria emissora.
Por outro lado, é importante também parabenizar os bons exemplos no jornalismo esportivo. O programa Mundo dos Esportes, apresentado por Fernando Fernandes — a quem não conheço pessoalmente, mas cuja atuação acompanho com respeito — traz conteúdo coerente, bem fundamentado, com temas de interesse público e interação respeitosa com a audiência. Um exemplo de jornalismo que informa e valoriza o esporte com seriedade.
Como publicitário e profissional de mídia, acredito que temos responsabilidade com a imagem do nosso futebol. O papel do jornalista não é substituir o treinador nem ridicularizar o torcedor. É analisar, informar, questionar com responsabilidade, respeito e profissionalismo.
O futebol sul-americano segue forte. E nossos técnicos, jogadores e torcedores merecem ser valorizados. Parabéns aos nossos treinadores, que mesmo com menos recursos que seus pares europeus, continuam mostrando inteligência, criatividade e paixão. E que a mídia aprenda, de uma vez por todas, a valorizar aquilo que realmente importa: o talento da nossa gente.