Ao longo da minha vida profissional estive imerso no mundo da mídia. Quando era jovem trabalhei em uma importantes rede de emissoras como a Rádio Corporación, a Rádio Agricultura, a Rádio Portales e o antigo canal 9de televisão Santiago do Chile, durante o sangrento golpe militar, o que me deixou lições valiosas sobre a importância da mídia para o tempo para transmitir a história e a arte de contar histórias.
Depois de anos criando programas de rádio e televisão, fiz a transição para o espaço online, onde continuam a surgir novas regras de contar histórias que oferecem entretenimento, educação e inspiração. Abraçar a mudança tem sido meu princípio orientador.
Olhando para o futuro, com o vasto panorama da Internet e de vários meios de comunicação inevitavelmente interligados, tempos emocionantes estão por vir. Como profissionais da mídia, acredito que há mudanças às quais precisamos prestar atenção e oportunidades promissoras das quais precisamos aproveitar.
Onde a Radio e Televisão e a tecnologia se encontram
Para mim, o futuro da Radio e televisão é uma fusão de tecnologia e criatividade. Da narrativa interativa às realidades virtuais e aumentadas, os limites que antes conhecíamos não existirão por muito tempo e, como criativos, será fundamental abraçar estes avanços tecnológicos.
A chegada dos serviços de streaming, das recomendações personalizadas e da acessibilidade entre plataformas mudou completamente a forma como o público interage com o conteúdo.
Para prosperar neste cenário, é essencial aproveitar o poder da análise de dados e alavancar a inteligência artificial. Algoritmos de recomendação analisam hábitos de visualização, decifram preferências e selecionam listas de observação personalizadas que mantêm o público envolvido.
Interfaces controladas por voz e dispositivos inteligentes estão transformando as salas de estar em centros de entretenimento envolventes, proporcionando às pessoas em casa um controle perfeito sobre sua experiência visual.
Esses tipos de experiências personalizadas rapidamente se tornarão a norma, permitindo que os auditores e telespectadores se tornem participantes ativos, em vez de apenas observadores passivos.
Novos caminhos para o envolvimento do público irão confundir os limites entre conteúdo e consumidor. Experiências de escolha sua própria aventura, narrativas interativas e participação do público em tempo real redefinirão a forma como as histórias se desenrolam.
Desde enquetes ao vivo e integração de mídias sociais até gamificação e eventos virtuais, as possibilidades são infinitas. Ao adotar a interatividade, podemos desbloquear oportunidades para construir comunidades leais, reunir informações valiosas e criar conexões mais profundas com o nosso público. A melhor coisa a fazer aqui é experimentar, iterar, adaptar e evoluir, e depois experimentar novamente!
Quantidade vs. Pergunta de qualidade
Em comparação com alguns anos atrás, o mercado de streaming tornou-se significativamente mais competitivo. Como alguém consegue ter sucesso neste tanque de tubarões? Enquanto algumas plataformas selecionam meticulosamente formatos adaptados ao seu público estabelecido, outras estão se aventurando em diferentes gêneros e dados demográficos-alvo para determinar a estratégia mais eficaz para sua plataforma.
No entanto, existe um objetivo comum que os une a todos: a necessidade de aumentar as suas subscrições. E, na minha opinião, só há uma maneira de conseguir isso. Com tanto conteúdo em tantas plataformas diferentes, a qualidade passa a ser o fator diferenciador. Os líderes no espaço devem priorizar a elaboração de narrativas atraentes que ressoem no público em um nível mais profundo. Contação de histórias bem pensada, vozes autênticas e conteúdo com propósito específico irão capturar a atenção mesmo em meio a todo o barulho.
Ultimamente, a tendência parece estar capitalizando o que já demonstrou sucesso. Seja adaptando romances, jogos ou podcasts, ou focando em refazer clássicos amados, essas histórias foram recontadas e depois contadas novamente. Ainda há espaço para uma narrativa genuína e original na tela? Eu, por exemplo, acredito no imenso poder de contar histórias. Especialmente em tempos em que roteiristas e atores estão en falta no mercado, é crucial destacar o que considero ser a criatividade ilimitada da mente humana.
A democratização da criação de conteúdo deu origem a uma nova onda de contadores de histórias que desafiam o status quo. Do conteúdo gerado pelo usuário às séries digitais curtas, o poder não está apenas nos grandes estúdios de produção, mas também nas mãos de indivíduos que ousam ir além.
Colaborar com talentos diversos, aproveitar plataformas emergentes e estar à frente das tendências culturais permitirá a criação de conteúdo que não apenas diverte, mas também estimula conversas significativas e gera impacto social.
Não conserte o que não está quebrado
Para prosperar no futuro da TV e Radio, agilidade e adaptabilidade serão os princípios orientadores. A indústria está em constante mudança, com novas tecnologias e tendências surgindo em ritmo acelerado. Manter-se a par dos desenvolvimentos da indústria, fomentar talentos e colaborar com parceiros com visão de futuro posicionará a próxima geração de pioneiros. No entanto, isso não significa que precisamos reinventar a roda, e há casos em que o formato antigo funciona melhor.
Um dos exemplos mais claros disso em minha mente é o que chamo de “fator vivo”. Independentemente do progresso técnico ou da interação com o público, o fator ao vivo é, na minha opinião, um elemento de sucesso grosseiramente subestimado. Existem eventos em que o público desejará se envolver em tempo real, e não após o fato.
A final da Copa do Mundo não é algo que você queira assistir sob demanda. Você quer vivenciar o momento ao mesmo tempo que o resto do mundo; você quer se sentir próximo disso. Isto vai além dos esportes e pode incluir premiações, game shows ou reality shows onde há votação ou interação, reportagens especiais e eventos atuais, apresentações ao vivo ou eventos especiais como casamentos reais ou debates políticos.
Quando os criativos conseguem apresentar eventos ao vivo que fazem o espectador sentir que esteve o mais próximo possível do momento sem comparecer fisicamente, isso se destaca entre todas as outras mídias que eles possuem e irão consumir. É importante, como criativos, vermos essa distinção claramente e honrá-la quando pudermos.
À medida que navegamos pelas águas desconhecidas do futuro da TV e Radio, uma coisa é clara: a viagem promete entusiasmo, inovação e possibilidades ilimitadas. O futuro da TV e Radio é um lugar onde as regras serão reescritas, onde o conteúdo não conhece fronteiras e onde a tela poderá não parecer mais uma tela. A revolução começou e é hora de aproveitar a onda da transformação em uma experiência que desafia as expectativas e amplifica o poder da narrativa.