Inflamação causada pelo HIV e excesso de medicamentos fazem corpo de infectados funcionar como o de alguém 15 anos mais velho.
APÓS CONTROLAR O VÍRUS
Primeira geração com HIV enfrenta o envelhecimento precoce
Há pelo menos 15 anos o diagnóstico do vírus HIV deixou de ser uma sentença de morte. Hoje, medicamentos retrovirais permitem que um soropositivo tenha a mesma expectativa de vida que uma pessoa não infectada.
Mas a primeira geração de soropositivos beneficiada pelo tratamento com retrovirais está enfrentando outro desafio: o envelhecimento precoce. Estudos feitos em diversos países vêm comprovando que o corpo de uma pessoa infectada pelo HIV funciona, em média, como o de alguém que tem 15 anos a mais.
“A infecção por HIV é inflamatória. Mesmo tratando, ficam resquícios do vírus que promovem uma resposta de inflamação constante do corpo, e é ela que acelera o processo de degeneração dos órgãos e dos tecidos. Então, os desafios mudam. Agora precisamos lidar com esse envelhecimento prematuro”, afirma Ricardo Diaz, infectologista da Unifesp.
O infectologista Alexandre Naime Barbosa concorda e diz que os radicais livres são os responsáveis pelo envelhecimento precoce. “Envelhecer nada mais é do que ficar inflamado por muito tempo, o que ocorre com o chamado estresse oxidativo, com a liberação de radicais livres. No caso dos pacientes com HIV, é o vírus, entre outros processos, que faz isso bem mais cedo”, explica Barbosa.
Entre as patologias mais comuns enfrentadas pelos soropositivos estão doenças cardiovasculares, seguidas de vários tipos de cânceres, perda da massa óssea, diabetes e distúrbios cognitivos. A deficiência renal também é frequente, mas, na maioria das vezes, está ligada ao excesso de medicamentos ingeridos pelo infectado.
Segundo Barbosa, a solução é o tratamento preventivo. Mulheres soropositivas, por exemplo, devem fazer o exame papanicolau e mamografia a cada seis meses. “Com esses cuidados, mesmo com uma incidência maior de outros problemas de saúde, não há impacto na expectativa de vida. A mortalidade é praticamente igual a de quem não tem HIV”, diz o infectologista.
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